COSMOS é um termo que designa a estrutura universal em sua totalidade - do micro ao macro, do passado ao futuro.
O cosmos é nossa casa e nossa matéria. Somos parte e observadores dele e talvez até uma insignificante dobra do seu espaço-tempo.
Mas se ao invés do cosmos, não existisse nada? O nada, o absoluto NADA.
Ou mesmo se esse nada fosse um estado temporário do qual tivesse surgido o cosmos e, sem qualquer anúncio ou razão aparente, no próximo instante um tunelamento quântico provocado por um buraco negro o levasse ao colapso e dele renascesse o nada? Algo como uma consciência que emerge na vida e se extingue na morte.
E por fim, se essa junção de cosmos e nada nas probabilidades infinitas da eternidade fosse somente uma limonada de astros, fótons e energia escura em um quiosque na praia do multiverso? Um refresco diante de um Sol escaldante.
Somos tudo o que está ao redor e dentro de nós. De flores no jardim a jequitibás-rosa na floresta, vírus, bactérias, fósseis, buracos negros, pulsares, bosons, quarks e léptons.
Nessa metaestabilidade existimos ao imaginar poesia em números irracionais, dançar em ondas eletromagnéticas, sentir afeto em lâmpadas, discutir cosmopolíticas periféricas, celebrar felicidades químicas, declamar sonetos silenciosos, escutar músicas nas paisagens, voar em enxames de robôs e afins.
Assim, antes do derradeiro meteoro, do aniquilamento dos recursos naturais, do esgotamento da poesia e das experiências subjetivas, antes que o céu nuble e as estrelas desvaneçam e desorientem nossos objetivos, desprenderemos nossos desejos e corpos para onde a gravidade é zero, o território é infinito, o tempo é curvo, a energia é cósmica e o entrelaçamento é quântico.
É tudo ou nada.